Natação: forte aliada do bem-estar e desenvolvimento da capacidade respiratória
Um dos aspectos que mais causam preocupação em tempos de pandemia tem sido relacionado à respiração das pessoas. Em casos mais graves dos sintomas da Covid-19, a capacidade pulmonar pode se tornar uma das principais áreas a serem acometidas pela doença, além de vários outros sintomas.
Apesar de não prevenir o contágio, um estudo divulgado pelo médico cardiologista Nabil Ghorayeb apontou que a prática de atividades físicas, em escala moderada e regular, fortalece o sistema imunológico e evita o aparecimento de comorbidades, condições consideradas suscetíveis para o agravamento da doença.
Entre as várias práticas esportivas existentes, uma atividade desponta pelo favorecimento do fortalecimento muscular e o aumento da capacidade respiratória: a natação. Especialista na modalidade e em esportes aquáticas, a professora da Universidade Salvador (Unifacs), Lygia Bahia, falou sobre os principais benefícios causados pela natação na saúde do indivíduo.
“Considerando o conceito da OMS de que saúde é um estado de completo bem-estar físico, social e mental podemos afirmar de que são vários os impactos positivos da natação na vida do indivíduo. Podemos enumerar inúmeros, tais como: aumento da sociabilidade, da autoestima, combate a depressão e o estresse, melhora a qualidade do sono, aumenta a capacidade cardiorrespiratória, fortalece a musculatura envolvida na respiração, reduz a pressão arterial, diminuição do percentual de gordura, aumento da força muscular, dentre outros”, explicou Lygia.
Grande exemplo dos benefícios causados pela natação, o para-atleta baiano Fábio Rigueira enfrentou muitos problemas de saúde quando era mais jovem. Com um câncer ósseo descoberto aos nove anos, o rapaz precisou amputar a perna esquerda e ainda perdeu parte do pulmão, por consequências causadas pela doença.
Segundo ele, as consequências geradas não foram o suficiente para pará-lo. Entre os responsáveis por essa volta por cima e pela manutenção da sua qualidade de vida, está justamente a prática da natação. A exigência física da modalidade fez com que seu corpo respondesse cada vez melhor à intensidade necessária para a prática.
“Eu senti isso na pele (impactos positivos da natação). Vivi um processo de saúde crítico, tive um câncer severo que precisei tirar o pulmão direito. A parte mecânica da minha respiração estava debilitada de menos um órgão. A natação me possibilitou praticar com mais intensidade a questão respiratória, mas eu precisava ter mais fôlego. Pude observar durante o acompanhamento médico a minha evolução através da natação. O pulmão responde bem, se adapta ao desgaste do corpo, ficando cada vez mais forte, atendendo à demanda exigida e me trazendo mais ganho”, relatou Rigueira.
Questionado se ele chegou a passar por alguma dificuldade relacionada a capacidade respiratória após a perda de parte do pulmão, o para-atleta que atualmente compete em provas de triatlo — natação, atletismo e ciclismo — garantiu que nunca foi impactado pela dificuldade. Rigueira ainda brincou que a carga recebida durante as atividades deixara o órgão “cada vez mais forte”.
“Sendo bem sincero, eu particularmente nunca senti dificuldade em nada. Quando eu mergulhava, ficava submerso o mesmo tempo ou até mais do que muita gente que estavam comigo e tinha os dois pulmões. Já fiz teste de respiração e não foi apontado absolutamente nenhuma dificuldade por parte dessa perda que eu tive. Meu pulmão já recebeu tanta carga que ele foi ficando cada vez mais forte”, afirmou.
Natação x Covid-19
A carga recebida nos pulmões sempre foi tão grande que nem mesmo a Covid-19 conseguiu interferir no bom funcionamento do pulmão. Durante a conversa, Fábio lembrou que chegou a se contaminar pelo vírus logo no início da pandemia, mas passou por todo o procedimento de quarentena sem apresentar maiores complicações.
“Em abril (do ano passado) eu peguei a Covid-19. Passei os 14 dias de quarentena e não tive nada grave. Meu pulmão não foi atingido em absolutamente nada. Fiz exames, tomografia, tirei sangue e tudo deu perfeito. Segundo os médicos, a minha condição física ajudou muito no meu caso. Então essa é uma das importâncias que eu vejo na atividade física”, pontuou o nadador.
De acordo com a professora Lygia Bahia, a prática da natação pode ser benéfica principalmente como uma espécie de tratamento após a pessoa se contaminar com o vírus, desde que haja uma liberação médica para a realização da atividade. Ela ainda destacou que o esporte atua no “fortalecimento dos músculos que participam da respiração”.
“Após a liberação médica para a realização de exercícios físicos, a natação é uma excelente opção. Ressalto em particular, a contribuição da natação para o fortalecimento dos músculos que participam da respiração. Pelo fato do tronco ficar imerso na água, sofre uma pressão externa (pressão hidrostática), que funciona como uma sobrecarga para os músculos respiratórios, porque ao se inspirar, esses músculos precisam vencer essa pressão o que resulta em fortalecimento”, esclareceu a professora.
Por fim, a especialista em esportes aquáticos foi perguntada sobre a prática da natação como uma forma de minimizar impactos que venham a ser causados pela contaminação do coronavírus. Ela afirmou desconhecer pesquisas que tratem dessa especificidade, entretanto, mencionou a existência de estudos referentes à piscina ser um lugar seguro contra a contaminação da Covid-19.
“Se a água da piscina é tratada com a quantidade de cloro adequada,
reduz a infectividade do vírus. Segundo uma pesquisa recente do Imperial
College London, se a água da piscina estiver com as concentrações
corretas de cloro e PH, reduz a infectividade do SARS-CoV-19, vírus que
provoca a Covid-19, em mais de 1000 vezes em apenas 30 segundos”,
encerrou a professora. *AT/Esportes
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