Baiano Isaquias Queiroz volta à água nesta quinta-feira em busca do ouro
Isaquias Queiroz pisou em Tóquio, com seu parceiro Jacky Godmann, cheio de expectativas. Queria sair das terras nipônicas com duas medalhas e igualar o recorde brasileiro de pódios em Olimpíadas. Atualmente, a marca pertence aos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, cada um com cinco.
A primeira tentativa foi na segunda. Isaquias competiu na prova em dupla de canoagem velocidade (C2 1000m), mas falhou. Terminou em quatro lugar.
Na noite desta quinta-feira, 5 (no horário da Bahia), terá nova chance, dessa vez no individual (C1 1000m). Sua bateria classificatória será disputada às 21h52. Os dois primeiros têm vaga direta às semifinais. Caso contrário, é preciso disputar a repescagem logo em seguida, a partir das 23h35. Semifinais e final serão realizadas na sexta, 6, a partir das 21h44 e 23h53, respectivamente. Jacky Godmann também está na disputa, mas corre por fora (sua bateria está marcada para as 22h).
A emoção
Tão extraordinário quanto o quarto lugar foi o choro de Isaquias após a decisão, demonstrando o quão desacostumado está em ficar de fora do pódio. Na final, os baianos de Ubaitaba largaram com ritmo forte. Algo incomum para a dupla, que costuma preferir guardar energia pro fim. Eles sustentaram a arrancada, passando em terceiro lugar nos 250 m. Diminuíram o ritmo na metade da prova, quando caíram para quarto. O que não veio como de forma habitual foi o gás nos metros finais, e acabaram mantendo a posição. O pódio ficou perto, mas, em competição, perto não é o suficiente.
“Pode parecer um discurso repetido de nós, atletas, mas a gente sabe o quanto a gente treina. A gente treina muito cara, sofremos muito. Treinamos todo dia, sofremos, foi duro!”, desabafou Isaquias, chorando, em entrevista à Rede Globo logo ao final da decisão. Apesar das expectativas dignas de campeão, o primeiro desafio seria, de fato, uma batalha por pódio incerto.
Isso porque o parceiro de Isaquias há sete anos, Erlon Souza, vinha sofrendo com uma lesão no quadril. Jacky Godmann passou a substituí-lo esporadicamente há cerca de dois anos, mas de forma oficial apenas às vésperas da Olimpíada de Tóquio.
Independentemente disso, o choro de tristeza faz parte do processo. O baiano da ‘Terra das Canoas’ e com três medalhas olímpicas no currículo é quem sabe bem. “Agora é começar a rodar a chave, que daqui a dois dias tem outra prova que a gente vai ter que trabalhar melhor para poder buscar um ouro. Não quero sair daqui sem meu ouro, sem o ouro de Lauro (de Souza, atual técnico], que trabalhou muito para isso, e sem o ouro que Jesús sonhava”.
O espanhol Jesús Morlán, considerado por muitos um gênio do esporte, foi treinador de Isaquias por quase 10 anos e rendeu muitos frutos. Na Rio-2016, bateram o recorde de medalhas para um brasileiro em apenas uma edição dos Jogos: duas pratas e um bronze. No entanto, dois meses após a Olimpíada, Morlán foi diagnosticado com câncer no cérebro. Passou a conviver com a doença e tratamentos. Fugindo da indicação dos médicos, manteve a rotina de treinos e o bom humor pelo qual era conhecido. Faleceu em novembro de 2018, mas deixou um grande legado e desejos através de Isaquias.
O sonho não acabou
Na etapa individual desta quinta, as chances do canoísta baiano são bem maiores. É considerado favorito na mesma prova em que conquistou sua primeira medalha olímpica: a prata, em casa. O seu maior adversário, de novo, será o alemão Sebastian Brendel, atual bicampeão olímpico e que o venceu na Rio-2016.
Não será mais possível para Isaquias realizar o sonho das cinco
medalhas já nesta edição dos Jogos. Apesar disso, pode somar ao seu
currículo um inédito ouro e, assim como já planejava desde antes de
chegar em Tóquio, mirar em Paris-2024 para se tornar o maior atleta
olímpico brasileiro na história. Vencendo uma aqui e mais duas lá,
entraria no ‘olimpo nacional’ para substituir as lendas Scheidt e Grael. *AT/Esportes
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