Athletico vê Série C mais próxima que retorno à elite
A reta final do primeiro turno da Série B expõe um paradoxo preocupante para o Athletico Paranaense: mesmo com orçamento superior ao de 18 concorrentes, o clube soma apenas 23 pontos e hoje tem mais chances matemáticas de ser rebaixado (11,12%) do que de subir (3,93%). O dado vem da equipe Gato Mestre, especializada em estatísticas esportivas, que realizou 10 mil simulações para cada jogo restante na competição. Trata-se do pior cenário entre os clubes considerados favoritos ao acesso em janeiro — à frente apenas do Botafogo-SP, que beira 90% de risco de queda.
A análise detalhada da campanha revela um problema estrutural de montagem de elenco. O Athletico tem uma defesa vulnerável — média de 1,26 gol sofrido por jogo — e um ataque que depende excessivamente de lances individuais de Canobbio e Fernandinho, este último ainda se recondicionando após lesão. A saída de Cuca e a tardia chegada de Zé Ricardo, somada a decisões administrativas erráticas, como o empréstimo de Vitor Roque antes de reposição efetiva, comprometeram a consistência do time. Mesmo diante de adversários tecnicamente inferiores, o time paranaense tem demonstrado dificuldade em propor o jogo, sobretudo fora de casa.
O impacto prático desse desempenho é claro: o Athletico está hoje mais próximo da zona de desconforto do que da elite. A permanência na Série B já seria, por si, um baque para a gestão Mario Celso Petraglia, que tem histórico de ambições continentais e investimentos em infraestrutura. Mas a queda para a Série C, mesmo improvável no curto prazo, não é mais um cenário risível. O clube ainda enfrenta três confrontos diretos contra times da parte de baixo da tabela nas próximas seis rodadas — e qualquer tropeço poderá acelerar uma espiral que costuma ser cruel para equipes de grande porte, como já aprenderam Cruzeiro e Vasco.
A frieza dos números deveria acender um alerta no CT do Caju. Há tempo, sim, para evitar o desastre, mas não sem mudanças urgentes de concepção. O projeto "Athletico empresa", ainda que louvável em termos de gestão fiscal, não pode seguir descolado do futebol jogado em campo. O clube parece pagar o preço de ter trocado a ambição técnica por planilhas e discursos autocentrados. Em tempos de Série B parelha, a régua sobe — e só passa quem joga. É hora de menos retórica e mais bola, pois como se diz por lá, "quem muito se abaixa, mostra a rabeira".
Fonte: JFE
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