Samuel escolhe Flamengo e mira protagonismo imediato
O retorno de Samuel Lino ao Flamengo representa mais do que a contratação mais cara da história do clube (22 milhões de euros). Em 2025, quando o mercado europeu mantém protagonismo financeiro e técnico, a opção de um atacante titular do Atlético de Madrid por voltar ao Brasil na plenitude física e técnica não é trivial. Aos 25 anos, Lino chega cercado de expectativa, saudado como peça-chave de Filipe Luís para um segundo semestre que promete decisões em três frentes: Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Mundial de Clubes. Sua apresentação no Maracanã, marcada para o intervalo do jogo contra o Atlético-MG, encerra uma negociação articulada nos bastidores há mais de um mês, com aval da comissão técnica e envolvimento direto da direção esportiva.
Tecnicamente, Lino oferece ao Flamengo uma rarefeita combinação de potência física, drible em curto espaço e leitura tática europeia — atributos lapidados ao longo de três temporadas na elite espanhola. Sua predileção pelo lado esquerdo, com movimentos diagonais e trocas rápidas, ajusta-se ao modelo associativo que Filipe Luís busca implantar desde que assumiu o comando técnico. A escolha da camisa 16, usada por Filipe na fase final da carreira, não é mero simbolismo: revela alinhamento pessoal e confiança mútua entre jogador e treinador. Ainda assim, o sucesso dessa reintegração depende de um equilíbrio delicado: adaptar Lino a um ambiente de cobrança imediata sem comprometer sua autonomia criativa. O Flamengo de 2025 já mostrou, em outros casos, que nem todo talento se encaixa à força em um time estruturado.
No plano estratégico, a chegada de Lino amplia a margem de manobra do elenco em um calendário extenuante. Ele pode atuar como ponta, segundo atacante ou até meia em jogos de menor imposição. Com a concorrência de Bruno Henrique, Gerson (recuado) e Everton Cebolinha — em fase irregular —, Lino desponta como titular potencial, sobretudo após o corte de Matheus Gonçalves por lesão. Seu desempenho nos próximos 45 dias será decisivo para consolidar espaço. O investimento, embora elevado, está ancorado em receita previsível: o Flamengo lidera o ranking de bilheteria no Brasil, tem patrocínios renovados e expectativa de arrecadar R$ 1,2 bilhão na temporada. Em tese, Lino terá tempo e estrutura para justificar o aporte. Em campo, no entanto, a régua será mais severa.
É preciso, contudo, não cair na tentação de confundir retorno precoce com retrocesso. Lino não volta como quem falhou na Europa — volta por escolha. E isso, em um futebol brasileiro ainda acostumado a importações duvidosas, é ativo simbólico e competitivo. O Flamengo acerta ao investir em um jogador de formação nacional, com histórico no clube e rodagem internacional. Resta saber se saberá protegê-lo da ansiedade que costuma atropelar grandes contratações. Como diziam na velha Itapuã onde iniciei no rádio, "quem volta pra casa com fome não pode sentar na rede". Lino parece disposto a trabalhar — e o Flamengo, a entregar-lhe o prato cheio.
Fonte: JFE
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